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Da sala de aula ao legislativo: a história inspiradora de Joana
Imagem: JBE/Reprodução

Da sala de aula ao legislativo: a história inspiradora de Joana

09/05/2025

Boa Esperança do Norte – Quando se fala em liderança comunitária na Água Limpa, distrito do município, um nome é lembrado com carinho e respeito: Professora Joana. Atrás do título político – vereadora da primeira legislatura do recém-criado município – está Joana D’arc de Azevedo, uma mulher que construiu sua trajetória com base em esforço, educação e compromisso social.

Nesta publicação, vamos conhecer um pouco da história de quem “trocou” a sala de aula pela tribuna, mas sem jamais abandonar a missão de transformar vidas por meio da educação.

Este é o segundo perfil jornalístico da série “histórias inspiradoras de mulheres que vivem na cidade mais jovem do país”, publicada pelo Jornal da Boa Esperança, em celebração do mês das mães. São mães que, além de cuidarem da família, também contribuem com a comunidade e mostram força no dia a dia.

Professora Joana, em atuação como vereadora do município (Imagem: JBE/Reprodução)

Origem simples e valores familiares

Joana nasceu em Espigão do Oeste, Rondônia, em uma família numerosa e afetuosa. Filha da cozinheira Cerli de Paula Costa e do servidor público José Azevedo Costa, cresceu cercada de primos, tios e avós presentes. Essa convivência fortaleceu laços familiares e ajudou a moldar os valores que carrega até hoje.

Ela descreve sua infância como “maravilhosa” e se recorda com carinho da irmã Simone, com quem mantém uma relação de verdadeira amizade. A escola foi um lugar importante desde cedo. “Sempre fui muito boa aluna, sempre muito comportada”, relembra.

A escolha pela educação e os primeiros passos profissionais

Embora o gosto pelos estudos tenha surgido cedo, a decisão de se tornar professora aconteceu somente na adolescência, durante o ensino médio, quando cursou o magistério. Com apenas 18 anos, Joana já trabalhava como recepcionista. Depois passou por diferentes funções: laboratório de análises clínicas, promotora de vendas, empresária do ramo alimentício – tanto em Rondônia quanto, mais tarde, em Mato Grosso.

Foi somente após se estabelecer em Água Limpa, em 2012, que Joana decidiu cursar o ensino superior. Aos 30 anos, concluiu duas graduações: Matemática e Pedagogia. “Isso mostra que nunca é tarde para buscar nossos sonhos”, reflete.

Registro de juventude de Joana D’arc de Azevedo, que aparece em pé e ao centro na fotografia (Imagem: Arquivo pessoal)

A educadora e a escola como espaço de transformação

Em 2018, Joana começou a lecionar na Escola Municipal Água Limpa. Desde então, passou por diversos cargos, como coordenadora e diretora. Sua visão sobre o papel da escola é clara: ela acredita que a instituição precisa ser um elo entre alunos, famílias e comunidade.

Segundo Joana, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos estudantes é a instabilidade social. “Muitos lidam com pobreza, evasão escolar e conflitos familiares. Por isso, trabalhamos o ano inteiro para trazer os pais para dentro da escola. A base de tudo é a família.”

Ela faz questão de reconhecer os educadores que marcaram sua jornada, como a professora Diomar e a coordenadora Sônia, que lhe deram suporte nos primeiros passos como docente.

O desafio de conciliar vida pessoal e atuação pública

Mãe de quatro filhos – um biológico e três do coração – Joana equilibra as tarefas de casa, o papel de mãe, e agora, a atuação como vereadora. “O maior desafio é conciliar tudo isso. Mas sigo firme, porque acredito na missão que tenho”, diz. Recentemente, ela acolheu o pai que agora vive junto dela, dos filhos e do marido.

Seu marido, Eder, com quem está casada há 10 anos, é seu parceiro nessa caminhada. Juntos, construíram uma família que, segundo ela, é sua maior motivação.

Da sala de aula ao plenário: a decisão de entrar para a política

A decisão de disputar as eleições municipais veio do desejo de representar a comunidade de Água Limpa, que ela via como esquecida pelo poder público. Candidatou-se pela primeira vez em 2024 e foi eleita com 111 votos – uma vitória simbólica e histórica na fundação do novo município de Boa Esperança do Norte.

Ela encara o cargo como uma extensão do trabalho que fazia na escola: “Estou me dedicando a ser uma vereadora presente. Quero lutar por melhorias reais para nossa comunidade.”

A visão crítica e o futuro da educação

Mesmo fora da sala de aula, Professora Joana mantém um olhar atento sobre os desafios da educação local. Ela destaca que a rotatividade de alunos ainda é um problema que atrapalha o desenvolvimento pedagógico. E aponta a carência tecnológica como um entrave ao progresso.

“Infelizmente, nosso distrito teve poucos avanços nessa área”, diz. Ainda assim, ela não se afasta da escola: “Hoje não leciono, mas estou presente na vida dos alunos e no cotidiano da escola.”

Um depoimento de um ex-aluno resume o impacto que ela teve como professora de Matemática: “Não gostava de Matemática, mas agora gosto por causa da profe.” Para ela, é a maior recompensa possível.

Uma professora para além da escola

Perguntada sobre o que diria aos novos educadores que estão iniciando a carreira no interior, Joana responde com emoção:
“Aqui, você não terá apenas alunos. Terá filhos. Vai vê-los crescer e acompanhar toda a trajetória deles.”

Mais do que vereadora ou professora, Joana representa a força das mulheres do interior que, mesmo diante de adversidades, seguem transformando comunidades com coragem, humildade e dedicação.

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Renato de Souza

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande, Renato de Souza é o jornalista responsável pelo Jornal da Boa Esperança (DRT: 50317/SP). Com ampla experiência em jornalismo digital, rádio e assessoria de comunicação, é também escritor e editor, autor de seis livros publicados de forma independente. Renato é pesquisador em Literatura, com interesse especial pelas crônicas de Plínio Marcos, e atua como produtor cultural e professor, dedicando-se à promoção da escrita criativa e do diálogo entre literatura e sociedade.

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