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Crônica: “A pastelada que virou cena de pastelão na Água Limpa”
Imagem: Reprodução

Crônica: “A pastelada que virou cena de pastelão na Água Limpa”

08/06/2025

Boa Esperança do Norte – Em nossa cidade, até uma simples pastelada beneficente pode virar assunto de crônica – daquelas em que os bastidores dizem mais do que os discursos no microfone. Foi exatamente o que aconteceu no distrito da Água Limpa, onde um evento solidário acabou revelando mais sobre a política do que sobre a culinária.

Naquele dia, nosso olhar atento – talvez o do velho Passarinho, sempre presente mesmo quando finge que não está – percebeu que havia algo diferente no ar. O cheiro de pastel fritando era convidativo, mas o tempero principal vinha dos bastidores: o jogo de simbolismos e conveniências que move a política de Boa Esperança.

Entre os personagens da cena, destacou-se – ou tentou se destacar – um recém empossado vereador ainda pouco conhecido nas manchetes. Aproximou-se do microfone com certo nervosismo e falou tão baixo que poucos entenderam – talvez pelo som precário, talvez pela distração da plateia. Mesmo assim, sua imagem ao lado do prefeito e de outras autoridades não passou despercebida.

Em contraste, uma ausência chamou atenção: a de uma vereadora moradora influente da comunidade. Para muitos, aquilo não foi mera coincidência. Dias depois, o vereador assumiria uma vaga na Câmara, substituindo outro colega de bancada, afastado por “motivos pessoais”. Passarinho até quis espalhar uma fofoca sobre o caso, mas o cronista segurou sua língua: há histórias que dizem mais quando ficam fora dos holofotes.

Enquanto o mais novo vereador da cidade falava, o público parecia mais interessado nos pastéis – ou talvez nas bebidas. A ação beneficente, organizada por mulheres da cidade, tinha um objetivo legítimo. Mas quem escreve crônica costuma enxergar além do evidente. E o que se viu ali foi uma encenação política: um teatro em que o que se faz raramente coincide com o que se diz.

E como em toda boa tragicomédia, não faltou confusão. Em plena praça, sob o sol e entre frituras, aliados do prefeito se desentenderam. O que deveria ser um momento de união virou bate-boca – e, segundo Passarinho, resultaria em vias de fato. Os “bombeiros políticos” até tentaram controlar os danos e restaurar a imagem. Mas já era tarde. O pastel queimou – e com ele, a fachada de harmonia da gestão municipal.

No fim, a pastelada virou um grande pastelão político. E Boa Esperança, mais uma vez, nos ofereceu o retrato de sempre: boas intenções no convite, encenações no palco. E nós, leitores e cronistas, seguimos atentos. Porque, por aqui, o recheio quase sempre importa mais do que a crocância.

Cronista da Boa Esperança

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Renato de Souza

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande, Renato de Souza é o jornalista responsável pelo Jornal da Boa Esperança (DRT: 50317/SP). Com ampla experiência em jornalismo digital, rádio e assessoria de comunicação, é também escritor e editor, autor de seis livros publicados de forma independente. Renato é pesquisador em Literatura, com interesse especial pelas crônicas de Plínio Marcos, e atua como produtor cultural e professor, dedicando-se à promoção da escrita criativa e do diálogo entre literatura e sociedade.

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