Boa Esperança do Norte – Lá de longe — nem tão de longe assim – vem caminhando uma figura já conhecida por todos nós. Ele está com a sua famosa “gravata invisível”, de cabeça baixa, chutando pedrinhas como quem está triste ou perdido.
Se você pensou no maior fofoqueiro da cidade, acertou em cheio! Mas se achou que ele estava pra baixo, enganou-se. Passarinho apenas fazia pose. Na verdade, ele estava mais animado do que nunca. Mal chegou, já encheu o bico (ou melhor, a boca) para contar uma novidade: tem gente em Boa Esperança que não gosta de “reportagem especial”.
“Meu amigo cronista”, disse ele, “descobri que há gente na cidade confundindo jornalismo com propaganda”. Dessa vez, Passarinho nos trouxe novidades caminhando. Talvez ele tenha saído de um boteco conhecido na sede ou da casa de alguma nova namorada – afinal, dizem que ele anda mais animado desde que chegou ao município mais jovem do Brasil.
Se Boa Esperança ganhou mesmo um novo personagem… Ele até tem nome de batismo, mas Passarinho o apelidou de Professor Pardal. Pensei logo no personagem da Disney, mas Passarinho fez questão de explicar: “O rapaz se apresenta como o maioral da imprensa ‘local’ e ‘regional’. Ouvi ele falando como quem dá aula de jornalismo, mas parece não viver aquilo que prega.”
Notei nosso mensageiro de um jeito…! Logo entendi o motivo. Após certa reportagem que repercutiu bastante no município, surgiram ou surgiu quem desqualificasse o jornalismo feito por aqui. Para eles, Boa Esperança deveria viver sem críticas – o que, convenhamos, é impossível numa democracia.
Foi aí que Passarinho falou mais abertamente do tal Professor Pardal. Este participara de um festivo programa de rádio web e saiu em defesa do “grande líder” e sua turma, comportando-se como se fosse o dono da verdade. Um sujeito que diz ser imprensa… mas que se contradiz como imprensa?
Durante o programa de rádio, Professor Pardal usou até palavrão. Disse estar preocupado com o “furico” dos outros, sem antes pedir que as crianças deixassem a sala e os idosos fechassem os ouvidos com cotonetes – isso mesmo, temos um bronco da comunicação. E completou afirmando que só há uma imprensa verdadeira na cidade: a que elogia o sentimento mais bairrista e fechado do mundo.
Curioso, não? No mesmo programa de rádio, além de elogiar exageradamente um secretário municipal, Professor Pardal se esqueceu da função da imprensa: informar com independência. Empolgado e com o microfone na boca, defendeu mais o poder em vez de defender o povo.
E assim, Boa Esperança ganha mais um personagem em sua galeria. Professor Pardal, o homem que “sabe demais” e, por isso mesmo, parece dispensar o convívio com a realidade.
Cronista da Boa Esperança