Região – A Politec de Mato Grosso concluiu que o engenheiro Daniel Bennemann Frasson estava incapaz mentalmente no dia em que matou a esposa Gleici Keli Geraldo de Souza e feriu gravemente a filha de sete anos.
O laudo, elaborado por peritos do Estado, considerou exames clínicos e, além disso, depoimentos de familiares que acompanharam as mudanças do comportamento do engenheiro nas semanas anteriores ao crime.
Familiares relataram mudanças antes do ataque
A enteada Caroline Fernandes, de 25 anos, e a irmã de Daniel, Fernanda Frasson, contaram que ele apresentava confusão mental, tristeza profunda e comportamentos inesperados.
Segundo elas, esses sinais começaram ainda em junho, pouco antes do ataque que aconteceu em Lucas do Rio Verde, município conhecido por sua ligação com Boa Esperança do Norte. Por isso, os relatos colaboraram para esclarecer o estado psicológico do engenheiro.
Como o crime aconteceu
O ataque ocorreu enquanto Gleici dormia. Infelizmente, ela sofreu 16 facadas e morreu no local.
A filha recebeu oito golpes e ficou em estado gravíssimo. Ainda assim, após 22 dias na UTI, sobreviveu, mas ficou com sequelas.
Para muitas famílias da região, histórias como essa reforçam a necessidade de cuidado e apoio psicológico, especialmente em cidades em crescimento como Boa Esperança do Norte.
Depoimentos indicam surto e comportamento fora da realidade
Caroline disse à equipe médica que Daniel estava “depressivo”, agitado e com falas de menos-valia.
Além disso, no dia anterior ao crime, ele mostrou roupas que havia comprado e disse que “gastou dinheiro à toa”. Para a jovem, o que viu depois do ataque foi um “surto”, já que não havia agressões anteriores na família.
A irmã Fernanda relatou que Daniel apresentava insônia, tristeza intensa e falas sobre ruína financeira.
Segundo ela, ele dizia ouvir vozes que ordenavam “matar esposa e filha”.
Inclusive, ele chegou a pedir que a cunhada escondesse as facas da casa.
No dia do crime, Daniel telefonou ao irmão dizendo ter esfaqueado a família.
Fernanda correu até o local e encontrou o engenheiro ensanguentado e em “choque”. Para ela, era claro que ele não estava em plena consciência.
Sintomas graves reforçaram perda de capacidade mental
Durante a avaliação psiquiátrica, Daniel afirmou que estava em tratamento havia 90 dias por suspeita de Síndrome de Burnout.
Ele contou que havia trocado de psiquiatra recentemente e que usava vários medicamentos, como Alpes, Inseris, Rivotril e Quetros.
Mesmo assim, ele conseguiu dormir apenas duas horas por noite.
Relatou irritabilidade, confusão mental e pensamentos acelerados.
Segundo os peritos, esses sintomas, somados ao fato de ele manter a rotina normal, mostraram perda grave da capacidade de entendimento.
Daniel disse ouvir, havia cerca de 15 dias, uma voz repetindo “matar, matar, matar”.
Ao mesmo tempo, alternava entre impulsos de autoextermínio e ideias de violência, apesar de continuar fazendo planos futuros.
Para os especialistas, essa mistura ajudou a confirmar a incapacidade mental.
Situação atual do engenheiro
Daniel segue preso no Centro de Custódia de Sorriso desde que recebeu alta após tentar suicídio.
Agora, ele aguarda vaga no Hospital Adauto Botelho, onde ficará internado por tempo indeterminado para tratamento psiquiátrico.

