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Crônica: O retrato que incomodou parte de Boa Esperança do Norte
Imagem: Júnior Souza/JBE

Crônica: O retrato que incomodou parte de Boa Esperança

13/04/2025

Boa Esperança do Norte – Outro dia, Passarinho e eu conversávamos sobre uma reportagem publicada por um dos grandes jornais da capital. A jornalista passou dois dias aqui, no município mais jovem do Brasil. Conversou com moradores, ouviu histórias, tirou fotos e, inclusive, foi recebida por nosso “grande líder” – aquele que, em geral, só abre a porta para a chamada “mídia amiga”.

De volta a Cuiabá, a repórter sentou-se à frente de seu computador e escreveu sua visão sobre os primeiros meses de gestão político administrativa na nossa cidade. Como não é daqui, nem de “dentro da casa”, ela olhou de fora – e isso pode ser bom ou ruim, dependendo do ponto de vista. O fato é que o texto foi publicado no dia 6 de abril e logo causou um verdadeiro rebuliço.

Por quê? Porque a repórter pintou um retrato da cidade que muitos prefeririam manter fora de vista. Para explicar, uso uma imagem simples: imagine um fusca colidindo com a traseira de um caminhão. Não importa quem é quem nesse retrato de tragédia – o que importa é o impacto, o susto e o desconforto de presenciar a cena.

Autoridades municipais reagiram com indignação. Houve quem criticasse o tal “jornal estrangeiro”, como se fosse ele o culpado pelos nossos próprios buracos – literais e figurados.

Teve quem dissesse que a reportagem “pareceu dizer que estamos pedindo ajuda”. Um vereador comentou que “a cidade não é tudo isso que foi falado”. Outro foi mais direto: chamou a jornalista de “leviana”, como se expor os problemas da cidade fosse um ato de traição, uma afronta. Mas, convenhamos, Boa Esperança precisa, sim, de ajuda. E muitas soluções virão de fora – com apoio, parcerias e vontade coletiva. Como sussurrou um passarinho amigo: “Reconhecer os problemas é o primeiro passo para superá-los.”

Talvez o que tenha incomodado mesmo foi o espelho que a reportagem colocou diante de todos nós.

A matéria destacou o que já sabemos – e sentimos na pele: ruas sem asfalto, saneamento precário nos distritos, falta de moradia digna, estradas rurais esburacadas e praticamente intransitáveis após as chuvas.

Ao concluir esta crônica, lembro de um velho bordão da televisão brasileira, que adapto com carinho: “O jornalismo às vezes aumenta, mas não inventa.” E se já ouvimos os poderosos, agora queremos escutar o povo.

Como está, de verdade, a vida em Boa Esperança do Norte?

A palavra está com vocês.

Cronista da Boa Esperança

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Renato de Souza

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande, Renato de Souza é o jornalista responsável pelo Jornal da Boa Esperança (DRT: 50317/SP). Com ampla experiência em jornalismo digital, rádio e assessoria de comunicação, é também escritor e editor, autor de seis livros publicados de forma independente. Renato é pesquisador em Literatura, com interesse especial pelas crônicas de Plínio Marcos, e atua como produtor cultural e professor, dedicando-se à promoção da escrita criativa e do diálogo entre literatura e sociedade.

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