Boa Esperança do Norte (MT), 17/07/2025, C
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Crônica de uma noite de festa que parecia não ter fim…
Imagem: JBE

Crônica de uma noite de festa que parecia não ter fim…

13/07/2025

Boa Esperança do Norte – Cruzamento da Avenida Brasil com a rua Flamboyant. Ao me despedir da advogada – aquela mesma que, nas últimas crônicas, vinha distribuindo “pitacos jurídicos” –, percebo que o cenário começa a mudar. É como se a cidade trocasse de figurino: surgem novas cores, outras vozes.

“Missão dada… missão cumprida!”, ouço de dois civis na calçada, imitando jargões militares. Um fala, o outro apenas acena. Logo atrás, alguém solta: “Top demais esta festa!”. Finjo não ser dali e, num impulso, assumo o papel de forasteiro – desses que enxergam o real com olhos de fantasia.

Com as mãos, puxei da atmosfera um chapéu de vaqueiro gaúcho, que se materializou sobre minha cabeça – como num truque de ilusionista. Mas só o chapelão não bastava. Bati duas vezes a palma da mão na coxa e, como num passe de mágica, minha calça virou jeans de cowboy. Duas pisadas firmes – pá, pá! – e os tênis se transformaram em botas de couro. Um último toque: bati o punho contra o peito e surgiu uma camisa de botão, levemente aberta, revelando um pingente no pescoço.

Agora sim: disfarçado – ou, quem sabe, revelado em outra versão de mim mesmo.

Apertei o passo rumo à aglomeração. As vozes cresciam com ela. Quando vi, já estava no meio do festejo. Sorri ao erguer com leveza a aba do chapéu – e, num gesto amigo, uma figura me ofereceu uma bebida de cortesia.

Fiz cara de surpresa, arregalei os olhos e, com um ar de palhaço, disse: “Pra mim? Sério?”. Aceitei. Dei o primeiro gole: era quentão! Agradeci e continuei, agora mais devagar, por entre pessoas bem-vestidas e visivelmente felizes. Logo vi que muitos estavam ali “a caráter”.

Num cantinho, rolava um show animado. De repente, metade do meu corpo quis entrar no ritmo. E quando vi, lá estava eu, dançando aquele passinho de arrocha, com o copo de quentão firme na mão, colado ao peito. Num giro, meus olhos cruzaram com os de alguém conhecido. O baile estava bão!

De repente, avisto ele – o Passarinho – “arrastando as asas” para o lado de umas “gurias”, sem o menor disfarce. Duas mesas adiante – adivinhem só! – lá estava o diretor do Jornal da Boa Esperança, tomando umas e outras, gargalhando alto em companhia familiar.

Fiz uma nova “varredura” com os olhos e reconheci até autoridades municipais… Gente que daria boas histórias. Personagens reais que parecem inventados – ou seria o contrário?

Naquela noite de festa que parecia não ter fim, me notei mais cronista do que nunca. Ou talvez, apenas mais um entre tantos que sabem: em Boa Esperança, toda festa vira memória – e toda memória, crônica.

Cronista da Boa Esperança

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Renato de Souza

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande, Renato de Souza é o jornalista responsável pelo Jornal da Boa Esperança (DRT: 50317/SP). Com ampla experiência em jornalismo digital, rádio e assessoria de comunicação, é também escritor e editor, autor de seis livros publicados de forma independente. Renato é pesquisador em Literatura, com interesse especial pelas crônicas de Plínio Marcos, e atua como produtor cultural e professor, dedicando-se à promoção da escrita criativa e do diálogo entre literatura e sociedade.

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