Boa Esperança do Norte – O país “praticamente parou” no feriado da Páscoa, e no município mais jovem do Brasil não foi diferente. A cidade desacelerou e celebrou com fé a ressurreição de Cristo – símbolo de renovação e esperança.
Mas antes que a segunda-feira, 21 de abril, surgisse com sua própria carga histórica – o Dia de Tiradentes – uma dúvida perturbava este cronista: onde estaria o nosso já conhecido mensageiro de plumas?
Sim, estou falando dele mesmo: o Passarinho, o maior fofoqueiro de Boa Esperança. Desde a última crônica, quando ajudou a revelar as trapalhadas de um certo “bronco da comunicação”, nosso informante emplumado havia sumido. Merecidamente, tirou alguns dias de folga. A repercussão foi tamanha que até nosso CEO (sim, temos um diretor executivo que também monitora as visualizações no site e nas redes sociais do jornal) enviou uma mensagem eufórica:
– “Disparado sucesso de audiência!” – Isso, apenas duas horas depois da publicação.
Pode parecer coisa de cidade pequena – e é –, mas por aqui, o Jornal da Boa Esperança leva seu trabalho a sério.
E como este cronista raramente descansa, decidi investigar. Afinal, quando o Passarinho aparece, Boa Esperança ferve de curiosidade. Era domingo, oito da noite. Peguei o celular e disquei. Uma, duas chamadas… até que ele atendeu.
– “Está num bar ou na casa da nova namorada?” – arrisquei.
Ele, claro, fez suspense. Deixou no ar que era uma dessas duas opções e, com sua costumeira ironia, ainda me cobrou objetividade. A conversa seguiu nesse tom leve e cheio de entrelinhas. O tipo de papo que só quem conhece bem o Passarinho consegue acompanhar.
Foi então que ele soltou, quase em sussurro: o feriado tinha sido agitado. E não apenas pela reação à última crônica ou pelo “bronco” nervoso que foi parar na galeria de personagens da cidade. Segundo o Passarinho, algo mais sério estava no ar: os primeiros 100 dias da atual gestão se completaram, e com eles, acabou a desculpa.
Em suas palavras:
– “Dali em diante, o grande líder, sua turma e até a mídia amiga terão que ser mais criativos.”
Ou seja, agora é hora de mostrar serviço. Já não dá mais para culpar a burocracia ou um inimigo imaginário. O tempo de adaptação passou. É hora de agir.
Quando tentei puxar mais detalhes, ele desconversou. Disse que a nova namorada precisava de atenção – ali mesmo, em algum ponto da cidade – e que precisava desligar.
– “Na próxima coluna eu te conto, caro cronista!” – despediu-se, com o ar misterioso de sempre, às vésperas do feriado de Tiradentes.
E assim seguimos: entre a ressurreição de Cristo e a memória de um herói da Inconfidência, com fé renovada, esperança no coração e os ouvidos atentos para as histórias que ainda vão ecoar por nossa cidade.
Cronista da Boa Esperança