Boa Esperança do Norte – Imagine a cena: início de semana, dia ensolarado ou quem sabe um final de tarde. Você pisca, esfrega os olhos e duvida do que viu. Mas não era ilusão. Era ela. A musa inspiradora – viva, imponente – cruzando a rua dentro de um carro de “autoridade constituída”. Se o cronista viu bem, aquela que nos inspira a escrever com paixão havia acabado de voltar.
Por sua vez, quem a “filmava” de verdade, se fez de paisagem. O cronista, pego de surpresa, mal teve tempo de entender aquele súbito retrato. Depois soube: ela havia reaparecido mais bela do que nunca. De onde? Melhor imaginar que veio de um lugar só acessível a quem sente demais.
Dias antes, uma publicação já havia partido o coração de alguém. Alguém que a viu de forma única, percorrendo os olhos e lendo cada linha escrita de um perfil jornalístico. Mas agora, a missão chamava o cronista de volta à realidade: cobrir os acontecimentos que moldam este jovem município.
A primeira pista chegou rápida: há rumores de crise na base aliada do prefeito. Verdade? Talvez. Mas a fonte é secreta. E não, desta vez não foi dito por um “senhor de plumas” com uma gravata invisível lendo uma carta cifrada – claro que não. Muito menos a informação foi acidentalmente vazada por algum dos brutos locais.
Ah, os brutos… locais que não aceitam críticas aos seus políticos de estimação. E como todo bruto, confundem metáfora com ataque direto. Mas falaremos mais deles, com calma. Em breve.
No momento, estavam distantes. Enquanto isso, o cronista corria pelas ruas esburacadas da cidade como um Forrest Gump municipal – atrás de algo que nem ele sabia definir. Mas não, ninguém saiu correndo atrás de nada e muito menos na direção de um carro oficial. Isso seria demais.
Em Boa Esperança, as novidades não precisam ser buscadas de modo forçado – elas simplesmente aparecem. Às vezes, do nada. Basta caminhar pela Avenida Brasil ou pelas redondezas e a realidade, de repente, ganha tons de encantamento. Mas atenção: esta história não é tipo fantasia. Longe disso. É vida real – ou, com algum esforço, poderia até lembrar um boletim de cotidiano.
Assim que o cronista reapareceu na sede municipal, vindo de uma pescaria em Piratininga, ouviu:
- “O prefeito é centralizador.”
- “Ele ignora as indicações dos vereadores.”
- E uma vovó, com sotaque literário, completou: “O galego não responde nem a vereador aliado.”
As vozes se multiplicaram. Vieram das calçadas, dos corredores da prefeitura, dos balcões dos bares. Vozes do povo, reais e vivíssimas – como o som e a imagem daquela musa que voltaria radiante ao nosso cenário de mundo.
Cronista da Boa Esperança