Boa Esperança do Norte – Enquanto um certo amigo de plumas – nosso mensageiro da informação – “voava sumido”, talvez em busca de novidades para a coluna, este cronista acabou esbarrando em uma figura peculiar do município. Um crítico amigo que, embora goste desse título, tem o dom de transformar até a mais simples interação em um espetáculo carregado de tons expressivos.
Espere um pouco… Melhor explicar direito. O personagem de hoje se comporta como um hater. Não que tome atitudes explícitas, mas exala certa negatividade e desdém por aquilo – ou aqueles – que não lhe agradam, especialmente no ambiente online.
E, já que estamos falando de redes sociais, acabo de receber algumas mensagens descrevendo nosso ilustre comentarista:
- “Sempre o vejo de óculos escuros, mesmo quando o dia está nublado.”
- “Então… existe até uma lagoa por aqui com o nome dele.”
- “Conhecido defensor do atual…”
Enquanto lia esses recados enigmáticos – ou nem tão enigmáticos assim –, eu saía de um supermercado local, sonhando com o dia em que poderei voltar a comprar um pacote de café sem pesar no bolso. Ao atravessar a calçada, precisei desviar de uma poça d’água. Sim, Boa Esperança tem esse charme: um cenário onde a chuva é protagonista neste período do ano. Foi nesse instante que, como num teatro surreal, comecei a delirar sobre nosso comentarista de estimação.
Ao pisar fundo em um dos muitos buracos da cidade, eis que surge o espectro do nosso amigo, aspirante a hater, todo faceiro. Vocês não vão acreditar, mas eu juro que vi a cena se materializar: ele, com um sorriso triunfante, discursando que aquele buraco – e tantos outros, e mais aquela rua esburacada, e todo o caos crônico da cidade – não são, de jeito nenhum, responsabilidade da atual gestão municipal. Pelo contrário! Segundo nosso crítico amigo, tudo está perfeito na sede e nos distritos do “município mais novo do Brasil”.
Enquanto comentários críticos – sempre bem-vindos, aliás – surgem diariamente nos rodapés das nossas publicações, esse personagem em especial faz questão de rebater qualquer texto que ouse mostrar a realidade da administração local. Mas, felizmente, sou salvo do devaneio pela reaparição do nosso amigo Passarinho. Ele pousa ligeiro no meu ombro, vindo não sei de onde, e começa a me contar novidades. Literalmente me resgata desse embate com quem se recusa a aceitar “A vida como ela é” – ou, melhor dizendo, a Boa Esperança como ela realmente se apresenta no momento.
“Nos vemos na seção de comentários, meu nobre crítico amigo”, penso, enquanto saio de cena. E, tal como o mensageiro emplumado, voo dali, livre, leve e solto, rumo a um domingo mais tranquilo.
Cronista da Boa Esperança