Boa Esperança do Norte – Aconteceu o que ninguém esperava: esfriou. Sim, esfriou de verdade! Durante dois dias, nossa cidade foi tomada por uma legítima friaca, daquele tipo que a gente só vê em filme europeu.
Com o frio, apareceu um novo personagem, de nome Chimarrão. De acordo com um boletim de ocorrência curioso, o Mate – como também é conhecido – teria sido violentamente empurrado por seu primo mais novo, vulgo Tereré. O motivo? Tereré não aceitou ser substituído por sua versão quente durante os dias gelados em nosso cenário de mundo.
Segundo o boletim, a frente fria durou exatas 48 horas. Moradores entraram em pânico com uma mínima de 14 graus, como se um sopro vindo direto do Polo Sul tivesse feito escala em Boa Esperança. Testemunhas relataram que foi um grande susto: gente usando calça, casaco, cachecol… roupas que estavam guardadas fazia tempo.
Um leitor atento nos contou que, nesses dois dias dramáticos, as vendas de agasalhos aumentaram bastante. O comércio local até comemorou.
Mas o frio não foi a única novidade. Depois de algum tempo sumido, um famoso mensageiro voltou com uma fofoca das boas. Se bem que, com certo atraso… A esta altura, a “boca pequena” já havia engolido o “burburinho”. O amigo reforçaria que uma empresária da cidade teria colocado o ex-marido para fora de casa por motivos… pessoais. As más-línguas disseram que ele “não deu no coro”. Uma expressão que, no caso, pode ter muitos significados. Talvez ele tenha falhado… ou exagerado. Vai saber.
Confesso que, por um instante, pensei em escrever algo mais sério, com conselhos e julgamentos. Mas o frio acabou salvando nossa coluna. As ruas vazias, os bares mais quietos, as conversas menos agitadas deram um descanso até para quem escreve.
A semana terminou sem grandes confusões, sem brigas políticas, sem escândalos. As autoridades municipais ficaram mais quietas… ou talvez só estejam esperando a próxima sessão da Câmara de Vereadores para voltar a vestir os tipos mais exaltados.
No meio disso tudo, tentei fazer o de sempre: escutar o que o povo anda dizendo.
— Alô, Passarinho?
— Alô. Não estou.
Insisti, com a intimidade de quem já conhece as evasivas do amigo fofoqueiro:
– Fala aí, seu filho de uma mãe emplumada!
Ele respondeu com voz suave, quase poética:
– Estou apaixonado, caro cronista. E agora me dedico a assuntos mais sérios, voltados à Pedagogia…
Enquanto a gente tenta manter esta coluna viva e quente, Passarinho – que já foi nosso principal informante – agora prefere o silêncio. E, imagino eu, o calor ao redor de uma lareira. Vai saber até quando. E por quê.
Cronista da Boa Esperança
