Boa Esperança do Norte – Para quem está chegando agora nestas crônicas, eu me apresento: sou o Cronista da Boa Esperança, contador de histórias desta terra querida. Muito prazer! Além de narrar as andanças pelo nosso pequeno grande mundo, também gosto de parar para ler. E, no momento, minha leitura está na página de refinado jornalismo diário do Jornal da Boa Esperança.
Se não sabem, este cronista tem suas particularidades: anda frequentemente a pé, sempre acompanhado de um passarinho pousado no ombro. Um amigo de penas que, segundo dizemos por aqui, traz consigo novidades e segredos que pulsam na sede do município e nos distritos. Mas aviso logo: não chamem meu passarinho de fofoqueiro, ou ele pode se transformar em um corvo! Se não conhecem a lenda dos corvos, paciência, meus amigos…
Pois bem, eu dizia… Cansado de ajudar caminheiros a empurrar carretas nos atoleiros dos meios e finais de semana, resolvi dar uma pausa debaixo de uma árvore na praça. Dali e da leitura de jornal, soube da história do senhor Stephen Kramer, morador da comunidade dos Americanos, que sofreu um grave acidente de trabalho no dia 18 de fevereiro. A queda resultou em uma fratura na coluna, deixando-o paraplégico.
Sua família agora organiza uma campanha solidária de doação via Pix para ajudar no tratamento. Esse gesto me chamou a atenção. O povo de Boa Esperança, além de acolhedor, é também de uma generosidade imensa. E não é de hoje.
Meu passarinho amigo sussurra lembranças de outras histórias de solidariedade. Quem não se recorda dos moradores que, espontaneamente, limparam o salão da Câmara Municipal após sua histórica primeira sessão? Ou dos voluntários que, em Água Limpa, construíram lixeiras comunitárias? São inúmeros os gestos que florescem nesta terra chamada Boa Esperança do Norte.
Talvez esse espírito comunitário tenha me tocado. Afinal, se me chamam para empurrar uma carreta em atoleiro, lá estou eu, pronto para ajudar – mesmo que modestamente – a impulsionar o progresso da cidade.
Pois é, digo ao meu passarinho mensageiro: “Somos, por natureza, seres sociais. E, com solidariedade, a vida se torna mais leve”. Meu amigo emplumado parece querer dizer algo. Com seu bico afiado, ele finalmente se pronuncia:
“A solidariedade é o elo invisível que fortalece os laços humanos e transforma a compaixão em ação.”
De imediato, respondo: “Bonito, bonito!”. E não é que o danado do passarinho se envaidece? Solto uma brincadeira: “Mandou bem, hein, seu rapaz!”. Ele, por sua vez, ajeita a gravata imaginária sobre a plumagem cinza do peito e exibe um sorrisinho de satisfação.
Cronista da Boa Esperança