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A crônica do amigo especialista em atoleiros na Boa Esperança
Imagem: Arquivo JBE

A crônica do amigo especialista em atoleiros na Boa Esperança

16/02/2025

Boa Esperança do Norte – Recém-chegado ao cenário, o primeiro impulso deste cronista é mirar o horizonte: um chão quase no fim de uma vasta plantação de grãos. Falar disso pode parecer “chover no molhado” para os nativos, mas nem todo mundo conhece essa realidade. Afinal, esta crônica pode ir longe “nas páginas” do Jornal da Boa Esperança. E por falar em chuva, não demora muito para que ela se torne protagonista.

Então, esqueçamos por ora aquele céu azul, “o mais bonito do mundo”. Como num palco, os contrarregras invisíveis dão início às mudanças de cenário. Primeiro, um plic – chuva fraca, gotejando. Depois, um ploc – pingos médios batendo no chão. Por fim, o estrondo de um raio próximo: Crack! Corro para me abrigar sob uma tenda e puxo conversa com um sujeito na calçada:

“Vai chover, parece.”

“Positivo!”, responde ele, tirando o chapéu e encostando-o no peito.

A cada frase simples que solto para prolongar o papo, a resposta é sempre a mesma: “Positivo.” Rápido, percebo que esse vocabulário é tão comum por ali quanto a chuva. E os atoleiros também!

O rapaz, logo se empolga. Assim que conto que sou o Cronista da Boa Esperança — ou melhor, que estou ali para ouvir e registrar histórias —, ele começa a falar sem parar. E a chuva também desanda a cair.

Estávamos na sede do município, a poucos metros de uma rua de terra, e as primeiras poças já se formavam. “Você não viu nada”, ele avisa. A cidade é grande produtora de grãos e, segundo ele, também de atoleiros.

“Positivo.”

Histórias e mais histórias de atoleiros começam a surgir. Agora, eu não converso apenas com um rapaz esperando a chuva passar. Estou diante de um especialista. Fico sabendo que, sempre que chove, “é bucha”. Enquanto ele narra as dificuldades, minha mente se teletransporta para uma roça vizinha: tratores socorrendo caminhões, trabalhadores atolados no barro até as canelas. Um verdadeiro Deus nos acuda!

Enquanto ouvia “as buchas” que muitos ali enfrentam e sobre “os trens feios de se ver” quando chove na Boa Esperança, eu notava o excesso de ruas não asfaltadas na cidade. Já formulava uma crítica e enxergava uma pauta urgente para os repórteres do Jornal da Boa Esperança investigarem: “Como é que pode uma cidade com esta riqueza econômica carecer de asfaltamento?”

Neste momento, o amigo me traz de volta com um toque no ombro: “É bucha ou não é bucha?!”

O nosso amigo especialista em atoleiros não parava mais. “É bucha! É bucha!” E as chuvas também não davam trégua. Assim como – ao que tudo indica – os atoleiros de Boa Esperança.

Cronista da Boa Esperança

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Renato de Souza

Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande, Renato de Souza é o jornalista responsável pelo Jornal da Boa Esperança (DRT: 50317/SP). Com ampla experiência em jornalismo digital, rádio e assessoria de comunicação, é também escritor e editor, autor de seis livros publicados de forma independente. Renato é pesquisador em Literatura, com interesse especial pelas crônicas de Plínio Marcos, e atua como produtor cultural e professor, dedicando-se à promoção da escrita criativa e do diálogo entre literatura e sociedade.

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